Quarto do Jordan Madden

- "E até gosto da tua companhia"? A sério? Não te contenhas no entusiasmo - Comentei num tom que insinuava indignação mas que na verdade era apenas divertido. Senti a necessidade de  a beijar por isso puxei-a novamente para mim e fi-lo.

Embora gostasse de falar com ela, não havia dúvida de que preferia estes momentos em que não precisávamos de palavras para nos entendermos. Com ela era tudo tão natural, se é que isto faz sentido. Acabámos a rebolar na cama. Os nossos lábios ainda juntos, os corpos quase entrelaçados um no outro. Ela acabou em cima de mim.

Não podia contrariar o sue comentário. Parecíamos mesmo um par de adolescentes excitados que não se conseguiam controlar.  Embora fosse um facto embaraçoso, fez-me rir - A culpa não pode ser só minha. A provocação que dá nisto é quase sempre tua.

- Não te finjas ingénua...Não te cai nada bem - Comentei a rir-me. Ela era capaz de me provocar o tempo todo. De várias maneiras. Ela tinha esse poder sobre mim, uma atracão que não cessava. Tal como neste momento. Passei as minhas mãos pelos seus braços, chegando até ao seu rabo. Procurei novamente os seus lábios e rebolámos até ficar eu por cima desta vez.

Estávamos sempre e constantemente neste jogo provocativo. Não parávamos. A visão dela a morder o seu lábio inferior começava a deixar-me louco - Gen... eu provoco se tu provocares - Mordisquei o seu lábio inferior.

- Queixas-te pouco, queixas... - Disse novamente em tom de provocação. Servia perfeitamente. - Buhhh, mood killer - Acusei num tom divertido. Saí de cima dela, rebolando para o outro lado da cama. Vi-a desaparecer pela porta da casa de banho do meu quarto. Levantei-me para ir abrir a janela do quarto e ligar o rádio, talvez. Mas foi quando a porta do meu quarto se abriu de repente. Pete entrou pelo meu quarto adentro como uma naturalidade cómoda de quem estava habituado a fazer isto sem se importar com o que os outros pensassem. Agora era a pior altura para o fazer.  - Finalmente te vejo, 'meu. Desde que comeste aquela boazona da Kappa Tau que andas desaparecido - Sentou-se na minha capa e tirou um charro também. Pete era o típico ganzado. Só éramos amigos por causa disso. Comecei a enxotá-lo do quarto mas ele resistia - Que se passa? Caraças, sê mais delicado com aqueles que te devem dinheiro...e por falar nisso aqui tens. Os cem dólares da aposta. Não acredito que conseguiste mesmo levar aquela Genevieve para a cama. És o maior! - Disse rindo-se e atirando notas para cima a minha cama.

 - Pete, vai-te embora. Já! - Genevieve não o podia ver aqui.

Finalmente enxotei Pete do meu quarto, mesmo que ele acabasse por me ter chamado nomes graças a isso. Não me interessava o que Pete pensava. Nem me interessava com aquela estúpida aposta. Tinha acabado de fechar a porta quando vi Gen abrir a outra - Gen... - Ela não ouvira nada, pois não? Por favor que ela não tivesse ouvido nada.

Joder. Ela ouvira. Estava estampado na cara dela que ela ouvira alguma coisa. Cabrão do Pete. - Gen, espera, não te vás embora - Pedi, mantendo-me imóvel enquanto ela se preparava para sair. Eu ainda estava à frente da porta de saída. - Não é como tu pensas.

- Genevieve - Disse o seu nome na tentativa de a chamar à razão. Não resultou. Ela nem me olhava nos olhos. Sentia-me pior do que pensava. Eu era um estúpido. Não era novidade. - Eu não o fiz por causa da aposta, Gen. Tens de o saber.

Ela estava a ver tudo da pior forma. O pior era que não a podia contrariar nem contradizer. Ela não ia acreditar em nada do que lhe dissesse. Antes, nunca me incomodara com o que uma rapariga pensava mas como ela estava a pôr-me nervoso - Começou por ser uma aposta mas isso foi só até te conhecer e tudo mudou. - Podia ver que ela não queria saber. Senti-me impotente e um cabrão. - Sabes que não fiz isto por causa de uma aposta. Pro favor, percebe isso. - Acabei pro sair de frente da porta.

" Não voltes a falar comigo ou a aproximar-te de mim. Não nos conhecemos. Não somos nada." Foi precisamente ao ouvir aquilo que eu me apercebi da dimensão do meu erro. E da dimensão do quanto eu gostava dela pois de repente a ideia de não ser nada para ela era insuportável ....pois ela significava muito para mim. - GEN! - Gritei mas ela já se tinha ido - Mierda. - Dei um soco na parede, fazendo não só uma mossa na mesma como ainda fiz sangrar a minha mão. Tinha de resolver isto mas nem sabia por onde começar. Será que devia? Ela merecia bem melhor do que eu.

Não havia espaço para palavras no caminho até ao meu quarto. Deviamos estar ambos embrenhados nos nossos pensamentos. Eu pensava no facto de a estar a levar para o meu quarto. Da primeira e única vez que ela lá estivera correra tudo tão mal... Será que algo estava mudado agora?

- Sim, sim claro - Disse uns segundos mais tarde a ela ter-me feito o pedido. Tinha a cabeça no ar por isso hesitara. Tirei uma t-shirt comprida e uma outra swetshirt. Ambas com o logo da universidade. - Vê o que preferes. - Só de pensar no que tinha acontecido esta noite...e se eu não aparecesse? Engoli a seco - Eu já volto - Avisei. Saí do quarto por uns instantes. Fui buscar gelo e um kit de primeiros socorros.

Fiz tudo o mais rápido possível pois não queria estar fora do quarto e deixá-la lá sozinha. Sabia que se calhar ela precisava de espaço nesta altura mas eu simplesmente não conseguia ficar longe dela. Regressei ao quarto e já ela estava com a minha camisola. Não consegui não sorrir - Fica-te bem - Aproximei-me dela e fiz-lhe sinal para que se sentasse na cama - O gelo para pores no pescoço. - Disse-lhe - E temos de tratar desse lábio -  Aquele idiota devia tê-la empurrado com força para que aquilo ficasse a deitar sangue.