Quarto do Jordan Madden

Como é que era possível que de todas as milhares de raparigas que viviam no campus fosse ela que me arrebatara desta maneira? Alguém com um feitio que aguentava o meu, que tinha raízes espanholas tal como eu, que entendia a vida tal como eu. Por mais lamechas que soasse, parecia mesmo que estávamos destinados -  Olha aí está um plano para uma bela noite. Aposto que me metia a andar num dos Ferrari dele. Isso sim, seria fantástico - Comentei a rir-me - mas sabes uma coisa? Não teria metade da piada se não estiveres lá também.

- Este é realmente o cenário mais hipotético do mundo - E nós éramos uns tolinhos por a considerarmos mas gostava de nós exactamente assim. Tentei olhar para o relógio - A que horas temos mesmo o jantar com a tua irmã?

Sendo às oito ainda tínhamos uma margem boa de tempo para gastar. - Não diria nervoso - Pois nada me fazia nervoso - Mas, sei lá, quero fazer boa figura - Era importante para ela ter o aval da sua irmã no que tocava a esta relação - O que farias se a tua irmã saísse hoje do jantar a dizer que eu não era a pessoa certa para ti?

Acho que ela acabara de responder ao que eu realmente queria saber: se a aprovação da sua irmã era um deal breaker ou não. Sabendo isto, iria sem medos nenhuns para o jantar. - Sei que valorizas imenso a opinião dela. Podia lixar-me - Ri-me para aligeirar o nervoso miudinho que sentira há segundos - É, não é? Se tu viste que até nem sou mau partido, ela também deve ver.

- Sem chance de ela poder atribuir isso à minha personalidade que claramente ainda não estava sob a tua boa influência? - ri-me para aligeirar novamente este assunto da aposta. - Se calhar devia impressioná-la com o meu estilo. Algo mais clássico que não esta t-shirt e casaco à motoqueiro - Levantei-me da cama num ápice embora me tenha custado sair de ao pé dela - O que qachas?

- Uma boa influência apenas em certas coisas, porque de resto tu és toda um iman de maus caminhos... - brinquei, embora houvesse quem diria que nós éramos receita para o desastre. - Tu vais? Quem diria que tinhas uma queda por betinhos - Insinuei como se fosse algo que me desapontava. Abri as portas do meu armário. A minha coleção de t-shirts básicas e calças pretas ocupava 99 por centro. - Sinceramente, nem sei se... ah, talvez... - ia dizendo ao procurar nas profundezas um blazer que tinha. Vesti juntamente com umas calças pretas menos desbotadas e uma t-shirt cinzenta clara - Acho que não tenho mais clássico do que isto - E aquilo nem clássico era, embora o blazer me desse um ar mais composto.

Éramos perfeitos um para o outro, não éramos? Imperfeitamente à nossa maneira - O John Legend cobra direitos de autor, por isso cuidado com as lamechisses que podemos aqui dizer - Ri-me.

- Ehhhhh, não te metas com ideias. Não me meto num smoking. - Avisei - Nem quando no teu aniversário fomos ao espetáculo clássico. O que me leva a perguntar: como é que ainda não te vi em palco? Quando isso acontecer tenho de ir todo aprumadinho?

- Não era um desafio, antes que partas já para isso. Nunca me meteria num smoking. Devo ficar ridículo - Só de pensar que quando começasse a trabalhar enquanto piloto teria de usar uma indumentária já me atrofiava. 

- Super bem vestido queres dizer betinho? Devo precisar da tua ajuda para comprar roupa assim - Sozinho era incapaz.  - Quero ver-te em breve. Aposto que és magnifica em palco - Sorri.

- Mas não me vais fazer mudar de ideias a mim - E, em última instância, seria eu a ter de vestir o malfadado fato.

Já a tinha espreitado uma vez em treino, mas seria melhor vê-la na luz da ribalta. - Não és tu que tens de impressionar a tua irmã - Não fosse por isso não estaria assim vestido - Estás sempre gira, no matter what. -  tinha de parar de dar lenha ao seu ego - Quer dizer, quase sempre. - Pisquei-lhe o olho.