Motel

Apoiei os cotovelos na mesa e pousei o queixo nas minhas mãos enquanto olhava para o Jordan e o ouvia falar - Devia ser muito divertido. - constatei com um sorriso. As minhas únicas memórias de infância eram tudo menos divertidas, desde de andarmos sempre de um lado para o outro porque o dinheiro nos faltava, à morte da minha mãe e ao cancro da minha irmã, nada tinha sido assim tão emocionante - E foste um ótimo aluno.

- Era - Confirmei, agora com um sorriso divertido ao recordar-me daquelas enormes festas de família com imensa gente. - Aprendo rápido, que posso dizer? - Mordi o meu lábio inferior. Um tique.

Foi impossível não desviar o meu olhar para os lábios do Jordan assim que o vi a morder o lábio inferior. Engoli em seco e voltei a levantar o olhar, esperando que ele não tivesse reparado ou ia começar a gozar comigo - Posso dizer que danças melhor que alguns da minha turma. - era verdade. Eu percebia que havia muita gente com o sonho de seguida dança mas havia quem não tivesse qualquer jeitinho para isso.

Agora  não estava a encenar nada nem a fazer coisas para a seduzir. Por momentos esqueci-me da aposta que tinha feito sobre seduzi-la e foi como se estivesse simplesmente ali, a ter um bom bocado com ela. Depressa voltei à realidade. - Isso soa-me a elogio. Não acredito que a Genevieve Mason me está a elogiar - Gozei.

Rapidamente revirei os olhos ao ouvir as suas palavras e encolhi os ombros - Não penses que se vai tornar um hábito, foi só desta vez e foi porque me apanhaste de surpresa. - era verdade, nunca na vida tinha imaginado que o Jordan soubesse dançar tanto ou que o fizesse tão bem.

Eu já percebera que elogios não saíam facilmente da boca dela. Nem beijos... Ora, ela era mesmo uma rapariga difícil, não era?  - Custa-te assim tanto elogiar? Parece que te cai um peso em cima sempre que o fazes - Comentei.  - Ficaste encantada por me veres dançar tão bem. Foi um momento caliente, não foi?

Revirei os olhos com o seu comentário e abanei a cabeça - Não me custa elogiar mas não te quero elogiar de mais antes que fiques com o ego lá em cima e a culpa seja minha. - respondi de volta com um meio sorriso provocador nos lábios. Encolhi os ombros quando ele falou sobre a nossa dança para tentar transparecer que tinha sido algo normal mas acho que o facto de morder o lábio inferior antes de responder me denunciou - Fui apanhada de surpresa por te ver a dançar tão bem e foi um momento normal tendo em conta o tipo de dança.

- O meu ego já está muito lá em cima, linda, e não foi graças a ti - Ela já percebera que eu era convencido. Em minha defesa, só podia dizer que era algo legitimo. Eu era bestial, tinha motivos para me gabar. Senti um sabor de vitória quando a vi morder o lábio. Não só era uma visão deveras interessante, como também um reconhecimento àquilo que eu dissera - Estás a mentir.

- Pois esse é o mal. Não foi graças a mim mas tenho que o aturar. - resmunguei enquanto cruzava os braços e olhava para ele. O ambiente já tinha voltado a acalmar uma vez que as coisas só tinham mudado quando eu e o Jordan tínhamos subido para o palco. Revirei os olhos quando ele me apanhou na mentira e encolhi os ombros - Ou não.

- O teu ego também é elevado, oh linda. Pensas que não reparei? Só te falta o nariz arrebitado - Provoquei, olhando.a em tom de desafio. - Oh sim,sim. Outra coisa em que eu reparei. Ficaste atarantada, mas gostaste. Diz-me lá que gostaste, Genevieve, e não te peço mais nada esta noite - Ri-me.

Revirei os olhos - Só porque não ando aqui a bater as pestanas para ti ou a derreter-me nos teus braços como as tuas amigas, não quer dizer que seja convencida. - encolhi os ombros quando ele continuou a insistir no assunto da dança - Gostei da dança. - disse mas rapidamente sorri - O que é natural, Jordan. Eu sou uma dançarina.

Eu não me referia apenas àquilo. Ela era convencida de uma maneira diferente - És muito segura de ti mesma. És convencida. Mesmo que não te estejas a atirar para os meus braços, sei vê-lo - Disse secantemente. - Está bem, está bem... Já percebi que vais sr uma seca e não vais dizer nada melhor do que isso.

- Está bem, esta discussão não vai ter fim. - éramos ambos demasiado teimosos para que algum de nós ganhasse aquela discussão por isso aquilo ia simplesmente continuar se alguém não parasse - Se calhar é melhor voltarmos. - não fazia a menor ideia de que horas eram mas já devia ser bastante tarde.

Realmente, era um assunto que não teria fim. Eu adoraria picá-la. - Cansada? - Provoquei. Eu ainda estava em altas. Fiz sinal a Gomez para que se aproximasse. Era eu que tinha de pagar, não era? Porquê que me armara em esperto? -Quanto devo?
- Depois do vosso show esta noite, é por conta da casa!

- Não estou cansada mas já não temos muito mais para fazer aqui. - respondi com um encolher de ombros. Sorri ao ouvir o Gomez dizer que depois da nossa dança o jantar era por conta da casa - Bem, parece que já sabemos o que fazer se precisarmos de dinheiro no futuro. - disse no gozo.

Olhei fugazmente para o relógio. Já se tinham passado horas desde que a apanhara no fim das aulas. Devia estar a passar do meu recorde de " Tempo com uma rapariga sem passar para o sexo". 
- Oh, mas não se habituem, chicos! Voltem sempre, dancem, mas depois começo a cobrar.
Apenas me ri. Agradeci-lhe e fomos saindo.

Ri-me com o que ele disse e assenti com a cabeça. O Gomez era mesmo um homem muito simpático. Levantei-me da cadeira e vesti o meu casaco apesar de não estar muito frio íamos de mota e era melhor prevenir que remediar - Portanto, amanhã corro o risco de te ter à minha porta outra vez? - perguntei enquanto ajeitava o cabelo - Preciso de me preparar mentalmente.

Encaminhámos-nos para fora do edificio. Voltámos para o parque de estacionamento onde estava a minha mota. Retirei o capacete guardado e passei-lho - Não digas que me queres de novo à tua porta? - Ri-me - Não tenciono fazer disto um hábito, linda. Tenho mais do que fazer.

Agarrei no capacete e fiz uma careta - Claro que não quero, por isso é que estou a perguntar, para ter a certeza que não volto a sair e te apanho à frente, mesmo à stalker, já agora. - coloquei o capacete e esperei que se subisse para a mota para eu fazer o mesmo.

- Sim, sim... É mesmo por isso - Zoei num tom de puro gozo. Ia sempre achar que ela queria a minha atenção. Afinal qual era a rapariga que não quereria? - Ao menos eu seria um stalkers em cabedal. Ouvi dizer que as meninas como tu gostam dessas coisas - Voltei a gozar, desta vez a conter o riso. Subi à mota - Pronta?

Abanei a cabeça à medida que ele falava e acabei mesmo por revirar os olhos - Mas podes desenganar-te porque eu não gosto e não deixas de ser um stalker, o que continua a ser assustador. - olhei novamente para ele quando subiu para a mota e perguntou se eu estava pronta - Eu estou sempre pronta. - respondi antes de fazer o mesmo que ele tinha feito e esperar que voltássemos para a escola.

A questão é que eu não ia ser stalker algum. Nem era essa a minha intenção. Ia ter de surpreender mais alguma vez, mas seria como hoje, ou seja, ela não se importaria nada apesar de fazer aquela cara de que sim. - Sempre - Repeti em ironia. Liguei a mota, abri a fundo e lá fomos.

encerrado.