Sahara Stage

Olhei para ele enquanto o ouvia falar mas desliguei por momentos do que ele estava a dizer enquanto pensava em qual seria o nome verdadeiro dele. Claro que eu descobria com a maior das facilidades falando com alguém da minha fraternidade mas qual é que era a piada disso? Exato, nenhuma. Era muito mais divertido adivinhar e era muito mais divertido ver a cara dele quando lhe arranjasse outro nome que ele gostasse tanto como Joseph - Jared. - disse com um sorriso - Vou começar a soltar uma lista enorme de nomes começados com J até chegar ao teu. Vai ser tão divertido. - continuei enquanto caminhávamos até ao palco que nos estava mais próximo.

Percebi que tinha semeado a curiosidade nela em relação ao meu nome. Ela se quisesse sabê-lo já teria arranjado forma de o ter. Isto dizia-me que ela era persistente e demasiado orgulhosa para mo perguntar - Jared? Qual é a tua panca com nomes biblicos? - Arqueei o sobrolho - Vais tornar-te uma chata? É que se for assim vou-me já embora - Ri-me.

- E qual é a tua panca com só o teu nome é que é giro? - perguntei com um abanar de cabeça enquanto tentava não me rir. Revirei os olhos com o que ele disse a seguir mas sorri - Eras incapaz de te ir embora quando fui eu que te meti cá dentro. Além do mais, para quem me foi buscar no fim das aulas, tenho a certeza absoluta que te vou ter muito à minha volta. - já estávamos mais perto do palco por isso o barulho era maior - Jonathan.

- Não tenho nenhuma panca por isso. Estou só a dizer que estás a arranjar nome betinhos e biblicos, o meu nome adequa-se ao meu caparro - Ri-me. Jordan não era um nome assim tão comum. Ela não ia chegar lá. Era o meu palpite. - Não sou incapaz de nada. Não fiques convencida. Vou ficar contigo até deixares de ser uma companhia mediana. Para além disso fiquei de te pagar o jantar, ou já te esqueceste? - A música era boa, mas em consequência passei a ouvi-la pior - Está melhor, mas não.

- Por isso não me podes abandonar. Até porque não arranjavas melhor companhia que eu. - acrescentei com um meio sorriso - Estou perto. Vou continuar a tentar então. Hei-de acabar por descobrir. - agarrei na mão dele e puxei-o - Vamos lá para a frente. - disse antes de o começar a puxar pelo meio daquela multidão.

Soltei um grunhido de gozo. Aquilo é que era presunção - Tenho sérias dúvidas disso. - Estavam ali tantas pessoas, talvez algumas se revelassem melhor companhia do que ela. No ano anterior quando fora ao festival tinha-me enrolado com pelo menos cinco raparigas. Fui puxado para ele para o meio das pessoas e da confusão mas só me fez rir. A música não era propriamente animada mas fiz-lhe sinal para que começássemos a dançar (muito embora mais ninguém o fizesse).

A música nem era propriamente o meu estilo mas já que ali estava ia divertir-me até porque tinha que aproveitar enquanto o Derek nos conseguia por cá dentro. Eu tinha dinheiro mas depois de tudo o que eu e a minha irmã tínhamos passado mesmo com tanto dinheiro era impossível não pensar na minha vida novamente sem ele - Isto é uma seca. - disse contra o ouvido dele enquanto me ria.

Também me ri porque estávamos a parecer uns idiotas e não estava a ser propriamente divertido. Tirei a erva que me restava do bolso, já envolta numa pelicula de papel. Acendi-a - Vamos divertir-nos um bocado. Ou não consumes o teu próprio produto?

Agarrei no cigarro que ele tinha acabado de acender e levei-o à boca enquanto me sentava na relva - Eu tenho que comprovar que o que vendo é bom. - expeli o fumo pela boca e estendi o cigarro de volta para ele - Ou achas que eu tinha assim tantos clientes se os enganasse?

Aquilo servia-me de resposta. Wow, que ela fica mesmo sexy a fumar. Reparei nisso, lembrando-me ao mesmo tempo que não devia entrar por pensamentos daquele. Recebi o cigarro de volta e fumei-o. - Acho que tens o perfil de quem podia enganar muita gente - Ela parecia-me astuta, em dúvida - Mas o teu material é bom. Hoje é a minha última passa, vou ter que estar um mês sem fumar.

Cruzei as pernas à chinês e abanei a cabeça - Podia enganar a primeira vez mas perdia os clientes todos a quem tinha vendido e os que podia vir a ter. E wow, acabaste de admitir que a minha erva era boa? - perguntei tentando não me rir - Estamos a fazer progressos. - estiquei novamente a minha mão na direção dele enquanto lhe fazia olhinhos para ver se ele me deixava dar outra passa no cigarro - Porquê? Um mês inteiro? Credo.

Encolhi os ombros e expeli novamente o fumo da erva. Passei-lhe o cigarro quando ela pediu - Porque não haveria de dizer isso? Mais vale admitir estas coisas. A tua erva é boa, mas há por aí muitos dealers com produto igualmente bom - A dela não era nada má, mesmo. - Pois, credo. Vou ter de fazer um exame físico por causa dos meus exames finais. Não pode aparecer positivo para substâncias ilicitas, e um mês é o tempo que demora a isto sair do meu organismo.

- Porque até à um tempo atrás, não querias admitir. - recordei com um meio sorriso antes de levar novamente o cigarro à boca. Devolvi-lho mais uma vez e expeli o fumo para o lado contrário para que não fosse para cima dele - Bem, depois dos testes podes voltar ao vício. - encolhi os ombros - Eu também não devia andar nisto mas até fumo pouco por isso não me preocupo muito. Além de que erva é menos prejudicial do que o tabaco.

- Agora já admiti. Estás satisfeita? - Perguntei retoricamente num tom irónico. - Não fiques toda convencida - Mas eu já percebia que ela estava. Levei novamente o charro à boca e depois ao expelir o fumo brinquei um pouco, acabando por me exibir a fazer bolas de fumo - Isto não é um vicio. É uma diversão e sim, antes isto que fumar. Eu não fumo tabaco.

- Estou, muito até. - disse rindo-me logo de seguida - Até porque eu disse que tu ias gostar. - encolhi os ombros enquanto sorria - És tão exibicionista. - deitei-me na relva apoiada aos meus cotovelos e continuei a olhar para ele - Para mim também não é um vício. Acho que sou mais viciada em vender do que em fumar. - até porque eu não precisava do dinheiro das vendas para nada.

Eu já tinha me tinha apercebido disso. Como se o elogio fosse alguma coisa importante. Se a sua erva não fosse boa, ela não venderia muito. - Culpa-me por ser exibicionista. A verdade é que há muitas raparigas a olhar para aqui - E quem sabe se alguma delas não ficaria a fantasiar com a minha imagem a fumar. Se Genevieve fosse uma dela, a aposta tornar-se-ia mais fácil de ganhar. - Vendes por diversão. És rica. Fazes-o porquê? Gostas da ilegalidade da cena?

- Estão a olhar para o palco, não é para ti, convencido. - estiquei as pernas e deixei-me estar naquela posição que era bastante confortável. Como estávamos num dos palcos mais pequenos, havia pouca gente e por isso muito espaço livre. Fiquei alguns segundos em silêncio a tentar ponderar na resposta para aquela sua pergunta e acabei por encolher os ombros - Não sei. Sim, gosto do facto de ser ilegal mas também gosto do facto de ter sido eu a arranjar o meu próprio dinheiro. Além de que como recebi o dinheiro do meu pai de um dia para o outro quem sabe se não fico sem ele da mesma maneira. Por isso é bom ter dinheiro meu.

Para o palco é que não estavam a olhar. No entanto, se eu atraía atenção feminina, também havia muita masculina na sua direção.
- E arranjas dinheiro a vender droga? Incrível. Estás a estudar o quê? Não me digas que é Direito ou eu tenho um ataque de riso que nunca mais acabará.

- Não arranjo muito muito dinheiro mas tenho a minha parte. - encolhi os ombros e soltei uma gargalhada com o que ele disse depois - Por acaso não mas isso até era uma boa ideia porque assim sabia o que fazer caso fosse apanhada e conseguia safar-me. - abanei a cabeça ainda a sorrir - Não, estou a estudar dança. E tu?

Meninos ricos a vender droga era realmente algo que ultrapassava a minha compreensão. Havia muitos, mesmo assim. Pelo menos Direito ela não estudava, caso contrário seria bastante irónico. Eu ainda não descobrira o seu curso, muito embora a tivesse ido buscar à porta de um dos edifícios de Desporto. - Dança, hein? - Fazia sentido. Eu já tinha observado o seu corpo e os seus movimentos e ela tinha mesmo um corpo de bailarina - Quem diria. Estou em Pilotagem, no meu último ano antes de iniciar a licença para voar.

- Dança. - repeti com um meio sorriso e assenti com a cabeça enquanto ele falava sobre o seu curso que parecia bastante interessante - Parece fixe. Depois vais começar a ir buscar-me às aulas de avião? - perguntei tentando não me rir mas aquela ideia era demasiado hilariante.

- Para dançarina nao deslumbraste muito na discoteca, no outro dia - Provoquei relembrando-me que na altura ja me tinha apercebido de que ela se mexia bem. - Parece-me um pouco difícil mas vou ver se se arranja. Mas olha so: queres que te volte a ir buscar! Estas a gostar do encontro, linda? - perguntei convencido.

Revirei os olhos com o que ele disse apesar de saber que ele estava apenas a tentar provocar-me - Não faz mal, não estava a querer deslumbrar-te. - sentei-me direita por já estar farta de estar naquela posição e ri-me - Não! Mas como já apareceste uma vez, de certeza que agora não me vais largar. E além do mais este encontro - fiz aspas nesta última palavra - se está a ser alguma coisa de jeito é graças a mim que nos meti cá dentro.

Percebi que atingira um dos seus nervos. Sorri vitoriosamente. Era giro provocar Genevieve. - Tu tens um ego enorme. E és convencida que se farta. Tenho mais coisas em que aproveitar o meu tempo do que andar atrás de ti e a ir buscar-te às aulas - Aquilo não estava a ser bem um encontro, não sei porquê que o dissera - Again. Convencida - Reclamei. - Vais-me dizer que não gostaste de mergulhar no rio? És uma mentirosa se o disseres.